Gatabaia

"Se procurarmos a verdadeira fonte da dança e nos virarmos para a Natureza verificamos que a dança do futuro é a dança do passado, a dança da eternidade, que sempre foi e será a mesma." Isadora Duncan (1878-1927)

31 janeiro 2007

Este se



As mãos possuíam a rosa
A rosa era possuída
As mãos mutuamente
Possuíam as mãos
E cada pessoa
Depois na prisão
Se declarou possuidor
Da mão que possuía a outra mão
Que possuía a rosa

E cada um deles
Com grande arrogância
Se declarou possuidor
Da pessoa do outro
No mesmo teor

Em que o eram da rosa
Através dum fenómeno
A que chamaram amor


Carlos Wallenstein
Rosadas Mantenhas

30 janeiro 2007

Este tender

Faço-me estendida estandarte e estudante de mim
Tardo-me no pensamento das fagulhas gemidas
Gosto-me no limiar deste lenho a terpidar ardidos
Embalo o mundo nas ondas desfocadas e carpidas
queda e a medo estendo o olhar ao cálido sossego.
Reviradas Mantenhas

23 janeiro 2007

Este Ma


Alcatrão breu profundo pulsante:
com estirpe de verdade
com palavras macias
com calma nocturna de Chopin
com sentidos riscados em serenidade
Mantenhas com manteiga

22 janeiro 2007

Este Valia



As crianças deviam trazer manual de instruções. Ou então deviam ser elas a ensinar-nos o que são e para o que são. É que quando chegamos a adultos já não nos recorda a criança que fomos. E começamos logo a exigir que sejam os adultos de amanhã ... à nossa frustrada imagem.

~~~~~*~~~~~

Há sempre um tudo atrás de algo:
Dos barcos: porões embarcados em barda.
Do verão: sitios parados de frescos.
Do horizonte: há sonhos nos balneários da esperança.
Do espelho: há um outro também verdadeiro Eu.
Dos montes: há vales onde não moramos.
Das nuvens: espumas de água em fila assanhada.
De portas: vidas fugidas escondidas à chave.
De Estivália o impulso de mim.

Mantenhas perfurmadas

19 janeiro 2007

Este Pe

Pé risonho, forte, calcorreando estradas e caminhos escrevendo por direito usocapião,
a Vida, procurando no lobo das estepes, a essência do Ser humano, descobrindo o
racional, o selvagem, o emocional, o instinto, o oculto, o verdadeiro sentido deste pé ...
que corria e percorria em voltas e voltas de risadas lambuzadas a vertigem dos
degraus do alecrim.

Corria!

Poeiras de mantenhas

16 janeiro 2007

Este Irra



Que despropósito pensar em esteiras em pleno Janeiro a um paralelo onde é inverno. É mesmo esta ira que me assola e acalora que me faz apetecer sombras de bananeiras e esteiras, é mesmo esta ira, irra!

Grandeza é tudo o que aumenta na razão inversa … e torno-me indelicada, sei-o. Mas na brandura de uma conversa amena e de chacha, não me aguento mais que dez minutos.

O Socrates até transformará 2007 no ano da fiscalidade, as OPA’s até beneficiam os pobres (??!!?), uma fábrica de armas belga até ‘ameaça’ sair de Viana do Castelo (a lata), a gripe das aves até ressuscita no Vietname, até o português anda pela Rua do Saber Desaprendido nº. feito num 8, até … Até quando?

Até sempre que os Deuses devem estar loucos e fizeram de um drama um filme cómico.


“Toda a vez que chega o Verão, como desta vez, o quarto do madala Adalfredo costuma não aguentar muito calor. O sol do meio-dia, além de se derreter no zinco que protege a mezinha de cabeceira, penetra também por um enorme vazio, deixado por um zinco que sempre faltou. Adalfredo Faz de Tudo, de seu nome completo, chegara a ter o dinheiro para comprar aquele zinco, mas porque quisera apressar a inauguração da casa, optara em comprar bebidas no candongueiro. Agora a casa sofre de dores de coluna, e parece-se com ele quando encurvado com a bengala. É por causa desse sol do meio-dia, que Adalfredo estende-se horas e horas na sombra da bananeira. O calor aperta o passo, a sombra abandona-lhe, mas Adalfredo não sente a careca a transpirar. Como que há-de sentir? Os olhos roubaram a mente e foram ficar lá, no infinito. Cansado de ficar distante, a sua vista mergulhou-o na escuridão. E a mente começou a levá-lo para viajar na boleia dos tempos em que a sua careca ainda curtia na juventude. Lembra da Maria Das Dores, a única mulher que já adorou de verdade, aqueles rapoios de fazer inveja, aquelas tetas ainda verdes que saltavam a corda, bastava Das Dores andar depressa. Lembra do dia do lobolo que ficou com dívida de duas capulanas de chita. Lembra de tudo, desde o dia que viu Das Dores passar pela esquina do Muchina, onde ele vendia dobrada. Mas, Maria Das Dores perdeu-se no tempo. Perdeu-se na noite em que Macuácua, aquele stapor, com braçadeira castanha-amarela e nariz impinado, arrombou a sua porta e indicou-o aos milícias: - Ele é desempregado! “

Milh'ilhód

Mantenhas

12 janeiro 2007

Este Viagem


Estiagem

De cabelo ao vento,

pela estrada longa da minha esperança,
vou marchando sempre,
ao compasso quente do meu coração.

Vou de mãos vazias, vou de lábios secos.
Pela estrada longa da minha esperança
vou colhendo tudo e vou deixando tudo.

Saudosamente recordo aqui Gabriel Mariano.
Perdi-lhe o rasto, mas sei que por onde andar continua a escrevinhar pensamentos de poesia.

Mantenhas

05 janeiro 2007

Este Oiro

Ganda estoiro. Mais um e eu perco-lhes o conto, propositadamente, numa insistência que, pelo contrário, não me deixa esquecer.
Entro em Dó a cantar aumentos nas sílabas que vou ter que gastar à força de ter de poupar impropérios a muita gente.

Enrrolo-me em ditos antigos e sentires vaticinados há muito. Voto-me. Balanço-me. Ganda nóia. Não sou de me balançar, fico tonta ... mais, nem de me prevêr, então com o nevoeiro que se tem feito sentir, não dá. Sim que diria o meu eu-adulto ao meu eu-criança?O único, afinal, que sabe viver em sonho e poesia?Não me aprisionem os gestos que a criança em mim ainda não desertou!

Mantenha pértod' recordai