Gatabaia

"Se procurarmos a verdadeira fonte da dança e nos virarmos para a Natureza verificamos que a dança do futuro é a dança do passado, a dança da eternidade, que sempre foi e será a mesma." Isadora Duncan (1878-1927)

26 setembro 2007

Casa Nostra



Banhei-me em águas das orquídeas
Lavei os meus cabelos com perfumes
Vesti o meu robe colorido
Pintado com flores
Indo o espírito, e voltando
Sustendo-se por agora nas alturas
Iluminado e flamante
Numa glória sem fim
Serenidade merecida
No templo da longa vida
E o sol e a lua rasteando
A esteira do seu brilho acompanhado
Num carro puxado por um dragão
Passeia-se o espírito como um deus
Flutua errante pelos céus
Vagueando puro na imensidão
Majestoso espírito que
Ora descendo lentamente
Ora subindo prontamente
Muito por acima das nuvens
No Chi-Chou detém o seu olhar
Tão longe na distância
Cruzando os quatro mares
Que terras há visitado
Penso em ti, Senhor
Suspirando longamente
Meu coração cheio de dor
Magoado grave, gravemente. a)
Mantenhas


21 setembro 2007

Outono de Paz


Agora chegámos ao tempo frio
chegou o gelo e a neve e a lama
os passarinhos estão mudos
e nenhum tem vontade de cantar
e estão secos os ramos pelos cerros
nem flor nem folha neles brotam
nem gorjeia o rouxinol
que em Maio me transporta
Azalais de Porcairages
Os pés que me calçam, nem sempre são os meus. Passeio por atalhos onde, desfeitos, os atilhos das vielas mostram que, atrás, há mundos escondidos nas pálpebras das ruelas. A paz armadilhada é oferecida, em letras e verbos embutida nos canos cerrados da lança que a maldade construiu e conquistou.
Outonais Mantenhas

13 setembro 2007

Reliquias


Relíquias sazonais
Não mais repetidas
Elementos quatro
Quatro estações
Agasalhos sentidos
Trocados céu e mar
Traços de tempos
Vindimas de folhas
na apanha do tempo
nas asas nas praças
Mantenhas

11 setembro 2007

Como nicar


O que de monstruoso temos em nós. Os monstros que construímos. O caso da(os) miúda(os) desaparecida(os). Este ultimo caso ultrapassou tudo e todos. Comunicação social? Essencialmente, sim. Os meios de comunicação são autênticos formadores de consciências. Investigar e apresentar realidades é de uma atrocidade imensa, quando não cuidada e responsável. Odeio os directos. Só deviam ser feitos por repórteres experientes. Muito experientes. E não falo nas calinadas no falar mas nas calinadas na informação em si. Da ética. Do modo. Do tempo. Não se vislumbra preocupação ou responsabilidade para com a sociedade. Não noticiam, dizem. E dizem de qualquer forma. Mesmo que anticéptica e inodora. Educar devia ser uma causa maior.
Mantenhas

Aporta


Há o trabalho de dar à luz.
Já o conheci - às vezes
lembro até o esforço de nascer.
Para vir está ainda
o trabalho de deixar a vida. Vi como é difícil
para alguns, enquanto outros, que passam presentes no momento
a seguir desapareceram. Passei
a porta da carne. Agora, a espera - quanto ainda? - para aprender a última tarefa
antes de atravessar a porta da terra. a)

Mantenhas


05 setembro 2007

Enchenando


E, além de feliz, era a nudez
encontro de surpresa e de substracto
– dentro palpites de sinais, e até
intento a consumar o corpo, em estado
de o espírito iluminar a tez
que também se enriquece à luz do tacto.
Ou a surpresa é dar-se o estar a ser
com o dentro a difundir o seu espaço
num paraíso de animais que vêm
ao encontro de serem nomeados. a)

Eche varrías mantenhas

04 setembro 2007

Ter Pia



No baptismo pela dança. A dança dos adolescentes n’a sagração da primavera de Stranvinsky, pode bem ser um instrumento utilizado na ajudar a estravasar hormonas repletas de rebeldias adolescentes. As convulsões incessantes e misteriosamente sentidas, explicadas à guisa de história, onde fantasmas podem ser explanados. Um jogo tímido ao pé da violência de exasperações inversamente proporcionais aos sons com os quais se misturam até serem murmúrios e lamentos á beira daqueles elementos sonoros com carácter ancestral.

Trás d’horizonte tem terra,
tem terra longe tem már e cêu. !!!

Horizontes de mantenhas