Mirrow

Olho o cão roer as pantufas
Os copos em cacos vão

com as conchas ver

as plantas mirrar
insiste um desabrocho
nos perfumes vários

nos gestos e frases
nos cantos nos sorrisos

à luz da Lua!

mantenhas

Kabir

Há uma lua no meu corpo e não consigo ver

Uma lua e um sol

Um tambor intacto, rufando e eu não o consigo ouvir

Enquanto o Homem se preocupa com a sua morte e com aquilo que possui

O esforço é inglório

Quando o sentimento de si e daquilo que possui se desvanece

é porque conquistou o conhecimento

A flor da macieira existe para criar frutos

Quando o fruto sobrevém as pétalas caem

O almíscar dentro do veado mas o veado não o procura:

vagueia procurando erva! a)

Mantenhas

Pinga

Pingos ensaiados
Transparência do ser
Pegadas de orvalho
Pingam madrugada
na pureza do azul!

Mantenhas

Shôji

Frio intenso: insectos volteiam em torno das luzes.

Eu fecho o shôji

E uma cara é reflectiva, como a de um rebelde Taiping, enorme.

Sentando-me em silêncio, bebendo água açucarada,

Escrevo até tarde.

A minha veste, há muito posta de lado, cheira a antigamente.

Logo, um som solitário, de novo

Uma tosse de mulher que chega da vizinhança do espinheiro.

Abro o shôji para ver, mas nem uma alma; apenas

Como papel de prata

A plácida noite de outono, adormecida. a)

Mantenhas

Às xx'Sou

'Cantava todas as tardes enquanto eu sonhava
( Era só recolocar o CD. )


Esqueci de contar se transformara em CD
Tipo cópia única,
impressora de window.


E as tardes se reduplicam
em consciência mutante.
As vezes sonho, as vezes sou.


De olhos estatelados sob uma brisa vermelha
escuto meu próprio ofegar.' a)

Mantenhas