Gatabaia

"Se procurarmos a verdadeira fonte da dança e nos virarmos para a Natureza verificamos que a dança do futuro é a dança do passado, a dança da eternidade, que sempre foi e será a mesma." Isadora Duncan (1878-1927)

23 outubro 2007

A Ceu lera


Por vezes a necessidade de meter a embraiagem a fundo para não arranhar a caixa de velocidades :))) ou para escutar com sossego e recordar a serenata que nos cai assim no regaço com um Ildo longemente perto … sem adivinhas ao futuro ou mesmo à fama que o espreitava ‘di mar escadaria’ ...

‘Pegam na mon guiam bos drêtu
Pom na ragaçe xinam cu jetu
Mostram kês dretu cu menos dretu
sima na fêtu e na mal fêtu

Na tudu curva u na ladera
mostrán caminho
guiam dritinho
pintcham pa riba …’

Bô lá di riba bu tâ fazi serenata tudo dia????
Li di baxu tempu ka tem má nu ta fazi pâ fazi!!!

Manténha

16 outubro 2007

Magusto Augusto



Neste tempo de vindima, em que o frio se ensaia, as castanhas pedem assadura e a água pé apetece e cresce em água no alambique do tempo, gostei de ouvir o Pedro dizer do alto dos seus 16 anos que tinha ido à vindima por ter pena de ver as uvas definharem e, com orgulho na sabedoria aprendida com o avô, ensinar-me o que a geada do mês passado tinha feito às vinhas e por isso a apanha das uvas tinha de ser rápida e eficaz (palavras dele). Fico assim tão contente por saber desta juventude ávida destes crescimentos em convívios e ancestrais ensinamentos que só são feitos pela pele e pelo suor onde os livros apenas servem para embrulho farrusco das cascas.

'Éramos três esquivos, no escuro das vindimas,

com o mar nos olhos, vinho de mosto nas mãos,

quando o sal dos bosques o rego lança fumo

e um choro de criança rebrilha no cerrado.

Éramos dois, erguidos na rocha das estrelas,

o coração sangrando, sem uma funda e dados,

quinado o ermo se queima e solução os breus

nos charcos latentes de canteiros de faróis.

Era só eu, umbroso entre sombras já velhas,

a figurar uma outra sombra no varadouro

onde marinha, entre redes estendidas,

o sono de todos em poentes febris.

Éramos nenhum, entre folhas de treva

quando o medo chove nas pétalas das poças

e o outro, o puro, livre de velas e de leme

vidente, zarpa, rumo ao instante claro. a)

Destiladas Mantenhas

15 outubro 2007

Kant actas



A sabedoria em saber gerir o bem público cresça nos governantes e eleitos pelo povo, que está cada vez mais incrédulo. Digno de cântico: renasceu. Ouvi eu ontem. Não foi no palco dos concircos, onde adora brilhar. PSL percebeu ser desnecessária a sua intervenção, tanto mais que igualar ou superar Ferreira Leite era um tanto ou quanto difícil na oratória e na ovação. Vai ser por certo no hemiciclo. Um folclore prometido, pois retórica e argumentação ninguém lhe nega. Redução de planos maquiavélicos ou adiamento de estratégias bolorentas? Uma certeza: nunca virá pão ou alegrias para o mortal comum como eu.


***

Num período em que assistimos a laivos de prepotência e atentados à democracia gostei da réplica da Caravela espanhola Amistad chegar à doca da Rocha de Óbidos (ironia né?) e estar por perto a lembrar a, não muito longínqua, escravatura. Foi com festa que foi celebrada a sua chegada. Terá sido só festa ou quando lêmos/ouvimos as notícias e participamos nestes eventos, aprofundamos e interiorizamos o tema? É que é festa mas festa ... séria.

'Dizem que esta cidade tem dez milhões de almas

umas vivem em palácios, outras em mansardas;

contudo não há lugar para nós, minha querida, não há lugar para nós.

Uma vez tivemos uma pátria e julgámos que era bela.

Olha para o mapa e lá a encontrarás;

mas não poderemos regressar tão cedo, minha querida, não poderemos regressar tão cedo.

...

Desci ao porto e parei no cais

vi os peixes a nadar. Como são livres!

a dez pés de distância, minha querida, só a dez pés de distância.

Passei pelo bosque, há pássaros nas árvores

não têm politicos e cantam livremente.

Não são da raça humana, minha querida, não são da raça humana... a)

Mantenhas

08 outubro 2007

Pregaminho


Muito á beira de mim à minha beira,
da maneira minha o Minho em ninho
Aninhada a mim a água estende-se
toda a água que os olhos entendam
á margem verde de fresco arvoredo.
Freixos troncos ondulam e limam
Quantas gotas marginam partículas
Voam-me os pés á procura do mar
talvez plante nele uma árvore linda!
Mantenhas

02 outubro 2007

Relax Entes


Ontem. Passava pouco das dez da noite. Sento-me para relaxar de um dia um todo nada complicado. Passo canais ... debate ... Lobo Antunes ... enquadra-me naquele painel. Fixo-me na noite com os arrepios que me causaram tanta coisa, e eu a insistir à espera de um volte face naquelas cabeças, quase todas, escapa uma, duas três talvez, poucas, muitas poucas vezes percebi a preocupação na pessoa da criança. E aquele juiz, gente !!! indescritível. Visível já foi difícil. Deprimida. Toda! De alma triste. O meu calcanhar de Aquiles esfacelado uma vez mais nos embaraços das leis dos homens. Nunca tinha percebido o caso Esmeralda só sabia que existia um mais caso entre todos os que se vão sabendo de incúria e desrespeito pela entidade criança. Hesitei no tema do debate ... terras de partilhas? um carro mal estacionado entre as vi(d)as de um pai e de um casal que até é adoptivo sem o ser? Não faria diferença teria sido idêntico porque as leis estão feitas a metro mas não são cortadas à medida. Bem pode o céu praguejar e desfazer-se em água que estamos todos em gabinetes climatizados ou seja imunes às intempéries.
Mantenhas

01 outubro 2007

Talefe



Hoje sim. Hoje senti o Outono. No cheiro do ar. Na aragem que me molestou os braços. No apetecer um casaquito. O Outono é feliz, limpo, aberto à Vida. E correr é o que apetece, não em praias, mas em bosques por entre árvores e parar sôfrega de beber todos os cheiros do campo. Citadina envio-me muitas vezes ao campo colher cheiros e cores, mas é no Outono que gosto mais de o fazer. Ir ao talefe colher rosas albarderas. Sentir os pulmões insuflados pelo ar puro a adivinhar sons.
Mantenhas