Gatabaia

"Se procurarmos a verdadeira fonte da dança e nos virarmos para a Natureza verificamos que a dança do futuro é a dança do passado, a dança da eternidade, que sempre foi e será a mesma." Isadora Duncan (1878-1927)

21 março 2007

Mar mel


Solitários pilares dos céus pesados,
Poetas nus em sangue, ó destroçados
Anunciadores do mundo
Que a presença das coisas devastou.
Gesto de forma em forma
vagabundo
que nunca num destino
se acalmou.
Sophia de Mello Breyner
Mantenhas

20 março 2007

Mar ervilha






Aqui está um dia que gosto de comemorar. Enfatizo os outros, todos, dias. Poesia. Seiva-me os dias. Não preciso de flores jantares ou especiais lembranças para lembrar poesia. Faço dela a espuma onde flutuo felicidades e infelicidades. Vitórias e derrotas. Brinco em escritas em desrimas em palavras em sons no sabor do instante em que me vai a alma. Brincos na humanidade, no que me dá ou tira. Brincos nas soberbas franjas de mim e recomponho-me na almofada poética que me ampara todos os instantes e que coincide com as sessões da vida. Perco-os rasgo-os esqueço-os em livros bancadas cestos nos locais mais inverosímeis nos recônditos neuronais só quando insistentemente trauteantes.


Mánta di lenda
na mánha quim
tem di poémá!


mantenhas

16 março 2007

Mar Canã

'Nhôs dâ más amor / a mininu di rua ...' Lembra-nos Lura, daquela forma simples e profunda.
Tantas vezes, as necessárias, dizê-lo ... dizer muitas, outras, mais vezes, nunca as suficientes para que nos deixe de doer a alma. Tão só: Amor e Respeito! Talvez não tivessemos que nos preocupar tanto com o mundo de amanhã. Seria tudo bem mais simples.
Bô ê carambolê
Estivais mantenhas

15 março 2007

Mar rít(i)mo

Sons croft, ondas jazz a ritmo de mar.
Vozes ritmadas nas saudades melódicas.
Tantos e reconhecidos e conceituados .
Na fibra os pós que me vibraram.
Mantenhas

08 março 2007

Marco




Pois vai sendo, ou melhor, tornou-se neste dia, à força da moeda única.
Ao sabor da minha impetuosidade não deixo de me arrebatar e refilar.
Já sei que ganho nada, pois.
Mas enquanto forem necessários 'dias' de algo para recordar seja o que fôr...
vai mal, continuamos a ir mal, a Humanidade.
A Ana recorda-me o 'dia' dela, meu, nosso, das ditas mulheres, bem(ditas) ou mal(ditas), assim :

Nada mais contraditório do que ser mulher ...
Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia e
transmite cada uma delas, num único olhar.
Que cobra de si a perfeição e vive
arrumando desculpas para os erros,
daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas, da a luz
e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar mas não quer ver partir
os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda
que seu amor nem perceba mais tais detalhes.
Que como uma feiticeira transforma
em luz e sorriso as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros
para quem neles precise chorar.
Feliz do homem que por um dia souber,
entender a Alma da Mulher !!!


As ditas mantenhas

07 março 2007

Marginal



É original. Marginal. Total. Todos os dias se me devolve diferente ...
talvez a percorra nos intensos reflexos que nos devolvemos numa
interacção de curvas e rectas.

'Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh! Quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras de antes,
Eu não sei se serei quem de antes era.' a)


Marginais Mantenhas